O Santo Graal
É o cálice usado por Jesus na Santa Ceia, e que contem seu sangue retirado no momento da crucificação. O termo Graal, no francês arcaico, significa bandeja. Por outro lado, pode ter origem latina, no vocábulo Gradalis, que significa cálice. Já o termo Sangraal seria uma variação etimológica de Sangue Real.
Celtas Muito antes da Era Cristã, os celtas, recipientes de armazenar alimentos, eram sagrados. Os alimentos ali colocados, quando consumidos adquiriram o sabor daquilo que a pessoa mais gostava, e ainda davam-lhe força e vigor.
Os celtas instalaram-se em diversos locais da Europa, inclusive no Reino Unido. De onde vem as primeiras citações sobre o graal e as lendas arthurianas. Como entre os celtas já havia uma lenda sobre a busca de um cálice sagrado, acredita-se que a lenda do cálice tenha sido transportada e adaptada ao graal.
Há uma citação em que o próprio Jesus quando esteve na Cornualha tenha recebido o cálice de presente de um druida, atribuindo um valor especial ao objeto. Após a crucificação, José de Arimatéia teria levado o cálice com o sangue de Jesus de volta ao druida, que seria Merlin, o mago da lenda da Távola Redonda.
Cristãos
A veneração de objetos sagrados é uma das mais corriqueiras demonstração de fé dos católicos. Esse tipo de fé visa materializar a crença na vida dos santos e de Jesus. A partir da Idade Média, as relíquias se transformaram alvo de adoração e constituição de lendas que descrevem o poder de tais artefatos.
O Graal tem um significado especial, pois se trata de um suposto cálice utilizado por Jesus na Santa Ceia. Ao longo do tempo as interpretações sobre esse objeto ganharam novas versões.
Durante o primeiro século, os valores cristãos eram populares em pessoas humildes, portanto se existir realmente esse objeto, não deve ser de aparência luxuosa. Na Bíblia, não há nenhuma menção á objetos utilizados durante a Santa Ceia. Contudo em textos apócrifos, encontra-se um relato de um cristão que durante a crucificação de Jesus, teria tido o cuidado de guardar os objetos os objetos supostamente utilizados pelo messias. Vindo daí uma das origens do mito do Santo Graal.
José de Arimatéia
A lenda conta que José de Arimatéia recolheu com o cálice, gotas do sangue de Jesus, no momento em que ele é atingido pela lança do soldado romano Longinus.
José era membro do sinédrio (tribunal judeu), pediu a poncio Pilatos para dar-lhe o corpo de Jesus como uma recompensa aos seus serviços no império. Este aceitou o pedido e Jesus foi enterrado nas Terras de José, que era um homem de posses.
Como seguidor secreto de Jesus, José foi preso após o sumiço do corpo e ficou muito tempo preso numa cela sem janelas, se alimentando apenas de uma hóstia diária, entregue por uma pomba que se materializava. Então um dia o próprio Jesus se materializou e entregou a José o cálice, dando a ele a missão de proteger o objeto.
Quando ficou livre, Jose levou o cálice até a Inglaterra, e fundou uma pequena igreja, onde hoje ficam as ruínas da Abadia de Glastonbury e onde supostamente foi a lendária cidade Avalon. Não se sabe se foi nesse momento que foi ocultado o graal.
Maria Madalena
Em versões não canônicas, Maria teria sido esposa de Jesus, tendo filhos inclusive. Maria teria levado o cálice consigo para a França, onde passou o resto de sua vida. Ainda em referência a Madalena, a mais nova teoria diz que o Graal seria a descendência de Jesus, vindo de sua união com Maria. Nessa versão o Santo Graal significaria Sangreal ou sangue Real.
Rei Arthur
Uma das primeiras origens do Mito. O rei Arthur agonizante via o declínio de seu reino, e teria tido uma visão de que o Graal seria o único objeto capaz de devolver a paz ao reino e curar o rei. Os cavaleiros da Távola Redonda saiam em busca dele. Começando a busca pelo Graal.
Templários
Uma das teorias diz que os Cavaleiros Templarios teriam saído em busca da Arca da Aliança e as Tábuas das Leis Divinas no Templo de Salomão. O Santo Graal seria uma metáfora a esses tesouros.
Ou então que os Cavaleiros teriam levado o cálice para a aldeia francesa de Rennes-Le-Château. Sob outra narrativa, o Graal teria sido levado para a cidade de Constantinopla e em seguida para Troyes, onde no período da Revolução Francesa (a partir de 1789), teria desaparecido misteriosamente.
Literatura
Muitas interpretações devem ser atribuídas a artistas que recontaram a lenda em diferentes versões.
O escritor francês Chrétien de Troyes, em 1190, foi o primeiro a usar a lenda do cálice sagrado nas histórias medievais que falavam sobre as aventuras do rei Artur na Inglaterra. O poema Le Conte du Graal, narrava a busca pelo cálice. Inacabado, com nove mil versos, nessa obra o rei Arthur não participa diretamente, e acaba sem que o objeto seja alcançado.
Entre 1200 e 1210, Entre 1200 e 1210, o francês Robert de Boron, publicou Roman de L'Estoire du Graal; o que popularizou ainda mais o tema e inseriu os elementos históricos não muito diferentes dos que são conhecidos atualmente. Foi Boron quem acrescentou outro nome importante nessa história: o personagem bíblico José de Arimatéia com a obra Joseph d'Arimathie. Nos romances de Boron, Arimatéia é encarregado de guardar e proteger o Santo Graal.
Nesta mesma época, a obra Parzifal do autor alemão Wolfram von Eschenbach associa o Graal a uma esmeralda também chamada Exillis, Lapis exillis ou Lapis ex coelis (pedra caída do céu). Esta esmeralda seria parte do terceiro olho de Lúcifer, que se partiu quando o anjo se rebelou contra o Reino Divino. Uma das partes desta esmeralda teria sido entregue aos templários para que ficasse protegida de intenções malignas. Deste modo, pode-se entender também que a esmeralda (que neste caso é o Santo Graal) faz alusão à mítica Pedra Filosofal dos alquimistas.
O livro The Holy Grail, Its Legends and Symbolism, de Edward Waite, reúne vários elementos utilizados nas lendas medievais sobre o Graal.
O americano Dan Brown, autor de O Código Da Vinci, também cita amplamente o Graal em sua obra e conecta a vida de Jesus Cristo, Maria Madalena, Leonardo Da Vinci e outras referências históricas sob uma perspectiva fictícia.
O Graal teve muitas interpretações históricas, mas em todas representa a busca pela perfeição. O Santo Graal é uma referência secular de valores humanos perdidos que, simbolicamente, serão resgatados por um profeta, um valente guerreiro, um líder de uma nação ou simplesmente por quem se revelar digno de portá-lo.
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